Como criar um ritual?
Qualquer que seja a forma externa ou tradição cultural, o objetivo de qualquer ritual é aumentar a potência do indivíduo. Devemos ter esse princípio em mente sempre que projetamos ou elaboramos um novo ritual.
O objetivo não é facilitar a curvatura da natureza à nossa vontade, ou a divisão do mundo externo em uma nova forma. N ou é nosso objetivo principal é apelar ao máximo para a entidade ou divindade que estamos invocando. Se fôssemos tocar uma fita de um ritual no altar de uma sala vazia, mesmo que fosse espetacularmente elaborado, belíssimo e escrupulosamente zeloso em seus detalhes, não haveria nenhum efeito mágico ou espiritual.
O lado mental da natureza
O propósito de um ritual é a elevação da consciência de seus participantes, e é somente nessa elevação de consciência que um ritual encontra seu poder. Nosso objetivo ao elaborar um ritual é a exaltação especializada da consciência dos indivíduos envolvidos.
As regras que governam o design de um ritual, portanto, são as regras que governam a retenção da atenção. Um ritual funciona apelando para o instinto e o inconsciente, por um lado, invocando um certo estado emocional e, por outro lado, mantendo a atenção firmemente sobre um ponto de foco. Isso aumenta a potência do indivíduo, elevando a consciência a estados superiores.
Quando a potência de um indivíduo é aumentada de uma maneira específica e especializada, é possível entrar em contato com um aspecto especializado correspondente da natureza, com o qual se pode fazer coisas muito notáveis.
Por exemplo, se nosso objetivo é invocar energia planetária como Marte, procuramos elevar a consciência na direção especializada de Marte para que possamos então estabelecer contato com esse fluxo de energia celestial. Uma vez que estabelecemos este ponto de contato, podemos direcionar essa energia para trabalhar em nosso nome na realização de nossos desejos.
O propósito de um ritual não é uma súplica a Marte para agradar a divindade planetária e ganhar seu favor; nem é para ganhar controle sobre a energia marcial para que possamos controlá-la e dirigi-la. A função do ritual é trabalhar sobre oAuto, alinhando-se com o fluxo de energia Marcial que está sempre e sempre presente. Não há nada no mundo exterior que estejamos tentando mudar ou manipular; isto énós mesmosque estamos esculpindo por meio de um ritual.
Isso é verdade, não importa em que cultura, religião, tradição ou escola de ritual alguém esteja trabalhando. As formas rituais não pretendem ser uma disciplina para treinar a alma, nem mesmo um meio de agradar a Deus. Eles são projetados para permitir que a luz das forças espirituais seja focalizada na consciência. O objetivo de um ritual é fazer uso das faculdades pouco compreendidas dos reinos da mente e, assim, obter acesso ao lado mental da Natureza.
A psicologia do ritual
Compreender a psicologia do ritual dessa maneira é o antídoto para a superstição vazia e o charlatanismo, bem como para o cinismo ou ceticismo excessivo. Podemos julgar a legitimidade de qualquer ritual, não por sua parafernália elaborada ou exibições impressionantes, mas pelo efeito que tem sobre nossos corações e mentes.
Qualquer forma ou símbolo empregado em um ritual é um canal para um foco. O sinal externo e visível, seja uma xícara ou cruz, um bastão ou varinha, bola de cristal ou pena, é apenas um ponto focal de atenção que permite ao adorador entrar em contato psíquico com a força espiritual que é a vida animadora daquele símbolo. Em outras palavras, não é apenas a substância material de um sacramento que é o canal físico para uma força, mas também a imagem vívida e subjetiva criada na imaginação do adorador por seu uso ritual.
Essa explicação do aspecto psicológico do poder sobrenatural não diminui de forma alguma seu aspecto divino. Não afirmamos que a realidade espiritual não existe independentemente de nossas mentes ou de nossa crença nela; simplesmente reconhecemos a maneira pela qual as forças espirituais
operam no nível da mente.
Os poderes divinos são inefáveis e incompreensíveis para a consciência humana. Para poder trabalhar com eles, esse poder deve ser incorporado em formas ou ideias concretas. Os sacramentos, os instrumentos rituais, os símbolos e até mesmo as vestimentas incorporam as forças e verdades espirituais primordiais que são muito abstratas para compreendermos, mas com as quais podemos, de alguma forma, ter comunhão emocional ou etérea. Por meio do simbolismo pictórico, a mente é capaz de contemplar o que ela nunca poderia articular ou conceber.
Por meio dessa contemplação, nos ligamos a uma potência espiritual que realiza o trabalho em nosso nome. Conectado por meio do pensamento, esse poder espiritual pode se derramar na alma e realizar sua obra divina. Qualquer ação cerimonial física que possamos realizar é apenas a sombra dançante do poder que está operando nos planos etéricos.
Inflama o Coração com OraçãoEstá bem documentado que o tratamento médico realmente funciona melhor quando o paciente acredita no médico e o médico acredita em sua abordagem. O mesmo princípio se aplica ao ritual: orações vazias e não sentidas não fazem nada, mas a mais humilde oferta de um coração genuíno inflamado de espírito pode mover montanhas.
Isso não quer dizer que possamos simplesmente criar nossas próprias regras para o ritual de acordo com o que sentimos. As leis de correspondência natural ditam os materiais apropriados a serem usados em qualquer ritual, e o desrespeito por essas leis apenas priva alguém da força que poderia ser usada de outra forma.
Cada divindade ou energia celestial está associada a cores, plantas, incensos, sons, símbolos e outras qualidades etéricas. Esses tons vibracionais não são apenas agradáveis à força arquetípica que está sendo invocada, mas são, de fato, manifestações ou expressões dela.
Nosso objetivo no ritual é inundar a consciência com manifestações de uma energia, de modo que a totalidade da psique seja levada a um foco único sobre esse arquétipo. Para onde quer que se olhe, deve-se ver apenas expressões simbólicas desse arquétipo em cor, imagem, vestido e textura. O perfume associado a essa energia flutua pelo nariz, enquanto a música rítmica traz nosso batimento cardíaco em sintonia com seu espírito.
Os vários estímulos em um ritual servem ao propósito de trazer a consciência a um foco único em um estado emocional exaltado, e aqui ganhamos acesso à matriz etérica e colocamos nossa vontade sobre os fatores causais da criação.